quinta-feira, 18 de maio de 2023

Escola Secundária Namitatar, Aula 2, 10ª Classe

As consequências da ocupação efectiva para Europa, África e Moçambique

Conflitos como a Guerra Franco-Prussiana e a Guerra Russo-Japonesa, que espelhavam bem os sentimentos imperialistas dos Estados dessa época, levaram a uma nova demanda por outros continentes, em especial pelo continente africano. O avanço tecnológico dos europeus permitiu-lhes ocuparem e dominarem os territórios que pretendiam; o sector industrial dos países europeus obteve novos mercados entre os países ocupados, novas fontes de produção; houve um enriquecimento por parte dos países dominantes à custa do trabalho das populações nativas; a ocupação incentivou as tensões pelo domínio do território africano e asiático, como por exemplo, a Guerra Anglo-Boer, as rivalidades entre Portugal e a Inglaterra devido a intenção portuguesa de conquistar o território entre Moçambique e Angola (Mapa Cor-de-Rosa), contra a penetração britânica de construir uma linha férrea ligando o Cabo ao Cairo no Egipto.

Consequências da ocupação efectiva para África

A ocupação e dominação do continente africano trouxe várias consequências positivas, assim como negativas.

A nível económico - A actuação da economia colonial permitiu a construção de infra-estruturas físicas: aeroportos, portos, estradas, pontes, hospitais e escolas, vias-férreas, instalação do telégrafo e do telefone, que, por sua vez, tiveram impacto positivo nas colónias. No plano agrícola, foram introduzidas as culturas de exportação: cacau, café, tabaco, algodão, sisal, borracha, chá; estagnação da tecnologia africana devido ao abate das actividades artesanais; alteração dos hábitos alimentares devido a introdução de monoculturas. 

A nível político -  Durante o período da ocupação colonial efectiva, não se desenvolveram as guerras étnicas; a partilha e a conquista de África reformularam as fronteiras e alterou o mapa político deste continente; introdução de um novo sistema jurídico e uso de línguas europeias na justiça; surgimento de uma nova classe de funcionários administrativos africanos; destruição das monarquias africanas, assim como o enfraquecimento das autoridades e do poder dos africanos; perda da soberania e da independência.

Consequências da ocupação efectiva para Moçambique

A nível económico 

Intensificação das trocas comerciais; produção agrícola para o mercado; recrutamento da mão-de-obra para o sector mineiro e plantações na África do Sul e Rodésia; integração da população na economia capitalista mundial; criação de uma economia orientada principalmente para a produção de mercadorias procuradas no mercado internacional e para a manutenção da mão-de-obra; introdução do trabalho forçado (xibalo) e a exportação da mão-de-obra generalizada da população. 

A nível político

 Modificação das estruturas e os espaços da comunidade camponesa; Moçambique foi dividido em circunscrições e postos de fiscalização nas áreas onde as populações indígenas estavam organizadas e pacificadas, e nas restantes regiões do país onde os nativos mostrassem rebelião, foram criadas capitanias-mor, divididas em comandos militares.

 A nível social e cultural 

Abalo dos valores culturais; aculturação do povo moçambicano com aquisição da língua, hábitos e costumes do povo colonizador; proliferação das igrejas cristãs pelo país.

terça-feira, 16 de maio de 2023

Escola Secundária de Namitatar

 

Escola Secundária de Namitatar

Texto de Apoio da disciplina de História, 10ª Classe - 2023.

Por: dr Naide Alfredo

1.    Conceito de história e fontes de história

História é a ciência que estuda a vida dos homens no tempo e no espaço.

Heródoto, antigo historiador grego, é considerado o “pai da história” porque foi ele que desenvolveu os primeiros estudos com algum método sistematizado.

A História estuda o passado, por isso, não podemos ver aquilo que ela estuda. Só podemos alcançar o passado através das marcas que ficaram desse passado – as fontes históricas.

Fontes Históricas – são todos os vestígios ou marcas do passado que nos permitem reconstituir a História da respectiva sociedade.

Os historiadores usam as fontes históricas para reconstituírem os acontecimentos do passado.

Tipos de fontes da História

As fontes históricas podem ser materiais, escritas, orais e gravadas ou áudio visuais.

Fontes materiais – são vestígios materiais deixados pelos antepassados que nos permitem reconstituir a sua História. Exemplos: ruínas, estátuas, utensílios domésticos, barcos.

Fontes escritas- são todos os documentos escritos, tais como jornais, livros, revistas, diários, cartas, contratos, placas comemorativas.

Fontes orais- são narrativas transmitidas oralmente de geração em geração. Eles representam testemunhos de pessoas que viveram acontecimentos do passado. São fontes orais, as lendas, os mitos, as fábulas, os contos, canções populares, crenças, usos e costumes.

Gravadas ou audiovisuais - fotografias, cinema, satélites, computadores e outros produtos da tecnologia moderna.

2.    O desenvolvimento socioeconómico e político dos principais países capitalistas (XIX-XX).

Desenvolvimento económico é aumento da capacidade produtiva acompanhado pela melhorias da qualidade de vida, educação, saúde, infra-estrutura de uma região e ou país. Capitalismo é o sistema económico e social que se caracterizada pela propriedade privada dos meios de produção, trabalho livre assalariado e acumulação de capital (riqueza).

A Europa continuava a exercer um forte domínio sobre as outras regiões do mundo nos finais do século. XIX, com base na sua supremacia económica. Esta hegemonia, por um lado, deveu-se à disposição da mão-de-obra que também era exportada para fora da Europa, principalmente depois da Revolução Industrial. Por outro lado, a Europa se beneficiou também de um grande avanço tecnológico em relação aos outros continentes. Estes meios tecnológicos contribuíram para gerar riqueza, dando origem a recursos financeiros consideráveis. Por isso, nos finais do século, XIX e princípios do século XX, os países europeus dominavam os povos que consideravam menos civilizados, tal como continente africano onde foram constituídas colónias francesas, inglesas, alemãs, belgas, portuguesas, espanhóis e italianas. A Ásia era dominada pelos ingleses (Índia), russos, franceses e holandeses. Apenas o Japão e a China eram independentes. Os EUA dominavam o Alasca, as Ilhas de Cuba, Porto Rico e Filipinas. O ponto mais alto do colonialismo europeu e norte-americano deu origem a uma nova forma de domínio – o imperialismo (política de expansão de Estado, para dominar política e economicamente nações subdesenvolvidas e mais fracas) caracterizado pelo domínio político e /ou económico dos países mais industrializados sobre as regiões menos desenvolvidas.

Neste período o domínio da Europa deveu-se a vários factores nomeadamente:

·         Crescente desenvolvimento apoiado nos progressos técnicos e na expansão do capitalismo industrial e financeiro;

·         Domínio político da Inglaterra, Alemanha, Portugal, França e outros sobre a África, Ásia e América;

·         Domínios económicos do mundo (Inglaterra, França e Alemanha) situavam-se as sedes dos grandes bancos e das maiores empresas da indústria e do comércio.

Será que os países europeus tinham o mesmo nível de desenvolvimento? Veja o que vem a seguir. O desenvolvimento europeu não era igual para todos os países, pois, existiam países da Europa Ocidental e do Norte (Inglaterra, França, Bélgica, Reino Unido, Alemanha, EUA) desenvolvidos e os países da Europa do Leste e Meridional, economicamente pobres, atrasados e com técnicas agrárias rudimentares (Áustria-Hungria, Império Otomano e a Rússia). Politicamente existiam potências com regimes democráticos e liberais como a Inglaterra e a França e os países com regimes políticos autoritários (Alemanha, Áustria-Hungria, Rússia e o Império Otomano).

 Este desnível de desenvolvimento entre os países nos finais do séc. XIX e princípios do séc. XX criaram ódio entre os países europeus, dando origem a várias contradições, conflitos imperialistas. Agora veja a situação económica dos principais países capitalistas. Fique atento! Neste mapa da Europa estão representados os países capitalistas que emergiram nos finais do século XIX e princípios do século XX (Inglaterra, Alemanha, França, Império Áustro-Húngaro e a Rússia).

Até meados do séc. XIX, a Inglaterra tinha uma indústria mecanizada que abastecia o mundo de têxteis e todo tipo de produção industrial sem concorrência. Para além de têxteis, produzia e exportava máquinas, locomotivas, carris e outros equipamentos.

A hegemonia (superioridade) económica da Inglaterra resultou do desenvolvimento técnico-científico e inovação tecnológica; modernização dos transportes marítimos e ferroviários e a revolução agrícola; domínio de um vasto império colonial; foi a 1ª a promulgar a legislação liberal e instalou infra-estruturas modernas avançadas.

O desenvolvimento económico da França foi tardio, pois até século XIX a base da economia era agricultura tradicional com evolução lenta e uma população que crescia rapidamente. Nos princípios e meados do séc. XIX inicia a produção têxtil, a exploração do carvão, a indústria siderúrgica e metalúrgica; expansão das linhas férreas que desenvolveram o mercado interno e as instituições financeiras. No princípio do século XX desenvolveram a indústria automóvel (Renault e Peugeot) e; possui neste período, um império colonial em África e na Ásia que servia como fonte de matéria-prima e um mercado para os seus produtos industriais.

segunda-feira, 15 de maio de 2023

Escola Secundaria de Namitatar - Aula de Historia

 

Escola Secundária de Namitatar

Texto de Apoio de História – 9ª Classe

Por: dr Naide Alfredo - Professor de Historia 

 

A crise Religiosa do séc. XVI: a Reforma e a Contra-Reforma Religiosa (a resposta da Igreja Católica)

A reforma religiosa foi um conjunto de transformações de origem religiosa que se verificaram no meio da Igreja Católica, na Europa, no século XVI.

A igreja encontrava-se mergulhada numa profunda crise e o seu prestígio foi seriamente abalado devido ao comportamento imoral de diversos elementos da hierarquia religiosa (padres, bispos).

As origens e características da crise

As causas começaram no interior da própria Igreja, cujo bispos e padres não respeitaram, no seu comportamento, as regras da sua condição nem mesmo os preceitos como cristãos. Contudo, muitos padres e bispos apresentavam péssimos comportamentos: viviam em concubinagem, exploravam os pobres através da cobrança de dízimo; usavam os bens da igreja em proveito próprio, eram corruptos, levianos, falsos, faziam práticas de feitiçaria, crenças e artes mágicas. Contudo, entre o séc. XIV e XV, a igreja católica começou a entrar em desentendimento com o poder político, como resultado da acumulação excessiva da riqueza pelo Papa, em ralação ao Rei. Este desentendimento terminou em disputa pelo poder entre a Igreja e a Liderança política. O ponto mais alto deste conflito foi o Cisma do Ocidente.

O Cisma do Ocidente foi a divisão da Igreja em dois grupos religiosos e dois Papa: um manteve-se fiel ao Papa de Roma, Clemente VII e, o outro grupo foi fiel ao Papa de Avinhão, Gregório IX (grupo revoltoso).

 Desta forma o grande Cisma do Ocidente enfraqueceu o poder Papal e dividiu a cristandade em dois grandes pólos. Para devolver a Igreja à sua pureza, vários foram os promotores de movimento religioso que se destacaram entre os séc. XV e XVI, a destacar os seguintes: John Wycliff (inglês) contestou a autoridade do Papa e censurou o culto dos santos e traduziu a bíblia para a língua inglesa interpretando de modo pessoal. João Huss (checo) criticava abertamente o Papa, propôs o regresso aos ensinamentos da Bíblia e da Sagrada escrituras sem adulterações e mais. Este foi perseguido pelo Papa, condenado e morto queimado vivo em 1415.

O italiano Girolano Savoranola foi excomungado e morto na fogueira por ter criticados vícios do clero e do Papa em 1498.

Reforma Religiosa

Foram vários factores que contribuíram para o início da Reforma. O ambiente que se vivia no seio da Igreja Católica não era de harmonia e a igreja recebia críticas para a sua mudança com objectivo de recuperar a sua reputação. Assim sendo foram várias as causas da Reforma Religiosa a destacar:

-Grave crise na estrutura da Igreja Católica

Os membros do Clero (Bispos e padres) disputavam poderes no meio da igreja, não tinham bom comportamento, dedicavam-se menos a igreja , alguns padres não sabiam pregar a palavra de Deus e nem sabiam falar bem o latim, consequentemente, as comunidades começaram a perder confiança e respeito por eles, caíndo na desconfiança do povo.

-Grande Vitalidade Religiosa

No séc. XVI os europeus passaram a entregar-se com maior vitalidade ou força à religião, como forma de obter a salvação de Deus por causa das guerras e calamidades que enfrentaram a partir séc. XV. Começaram a dedicar-se à práticas e ofertórios, doações à Igreja, esmolas, peregrinações, adoração de estátuas dos santos, como meios para conseguir a salvação perante Deus.

 -A Veneração das relínquias

Acreditavam que os objectos usados por Jesus Cristo e Virgem Maria e outros Santos possuiam poder curativos e protector. Os membros da igreja vendiam pedaços de tábuas ou de madeira alegando que constituíam uma parte da cruz de Jesuz“e se alguém tocasse seria salvo”.

- A venda das indulgências

Conhecido como “bilhete de entrada para o céu ou venda dos perdões”, consistia na venda pelo clero do perdão dos pecados e remissão das penas. Para quem se mostrava arrependido e em troca de boas acções, (peregrinações, orações, jejum, e ofertas de soma de dinheiro).

- A Intolerância religiosa e a intromissão do papado nos assuntos políticos

 O Papa usava o seu poder religioso para para interferir nos assuntos políticos excluindo da sociedade quem não aderisse aos seus ideais.

A reforma iniciou quando o Papa Leão X autorizou a venda de indulgências com objectivo de angariar dinheiro para as obras da Basílica de são Pedro, no Vaticano. Em 1515, iniciou-se a venda das indulgências na Alemanha do Norte. Contra esta situação revoltou-se Martinho Lutero (sacerdote), afixando na porta da Catedral de Wittenberg, as 95 Teses contra as Indulgências.